“Deixa que eu faço o design da minha empresa”
É muito recorrente dentre micro e pequenos empresários um pensamento de questionamento sobre a real importância de um profissional de design no mercado. Geralmente, esta linha de raciocínio traz em seu bojo uma forte opinião já formada (em alguns casos) com bases no achismo, à cerca do que possa ser a melhor solução de identidade para sua empresa no mercado, como por exemplo a confusão que se faz entre o gosto pessoal do empreendedor, e o que lhe seria melhor como marca, empresa, ou produto. “Vou usar o vermelho e não o azul. Só porque gosto mais.”
Dado este panorama, permita-me te alertar em poucas linhas, o porque sua empresa pode ter uma vida curta, caso você esteja pensando e consultando seus próprios botões em importantes tomadas de decisão como soluções de design, por exemplo. E para te situar da melhor maneira possível, lhe afirmo: o que se vê da obra de um designer, é só a ponta de um iceberg.
Certamente, um bom profissional de design não deve ser reconhecido por seu forte gosto ou linha de trabalho. É espantoso dizer, mas para que se execute um bom trabalho, é necessário que o mesmo não possua rosto, ou identidade, sendo totalmente adaptável ao serviço proposto, capaz de interpretar o que cores, símbolos, elementos, signos e ícones poderiam despertar no senso comum, e não em si mesmo – o famoso “camaleão”. Logo neste primeiro tópico, podemos excluir a ideia de que “trabalhar com a cor A, e não com a cor B” (sendo bem simplista, dentro do assunto da comunicação) sem uma sólida base de estudos, pode representar um importante indício de que sua empresa nascerá (ou já apresenta) graves problemas de comunicação com seu público.
“Não entendo a importância de um bom logo”
Antes de mais nada, é preciso lembrar que, não só, é difícil traçar uma linha entre o design e a psicologia, como a própria ferramenta, não existiria com tamanha precisão sem os estudos e experimentos da Gestalt ou semiótica, por exemplo. Logo, investir em um bom logo, é um dos primeiros passos para a construção de uma marca/produto/serviço sólido (no quesito comunicação) visto que, tudo o que enxergamos e absorvemos em cores, letras, ícones e elementos, compõem nosso repertório cultural e são guardados em um grande acervo de nossas vivências e memórias. Logo, serão utilizados para associação com alguma experiência, ou algum comparativo. “Esta marca me traz boas lembranças, me remete a isso, ou àquilo…” é como “Este cheiro me é familiar, lembra alguns momentos…” (Estando todos os sensores e percepções humanas dentro do campo de estudos do design.) Porém iremos nos ater apenas ao campo gráfico, neste artigo.
Ao passo que se avançam os estudos de design e branding, é possível que criemos marcas que remetam, relembrem e até mesmo tragam a latente sensação desejada ao consumidor. O que outrora seria impossível, quando baseada nas vivências do indivíduo, e não no senso comum.
“Quanto maior o texto/conteúdo, maior a visibilidade!”
O famoso “vou aumentar mais o tamanho deste texto (ou imagem) para dar aquele tcham!” pode ser tão prejudicial quanto não ter o conhecimento necessário dos fundamentos básicos para comunicação com o suposto público. O princípio de que “não é por muito falar que serei ouvido” se aplica perfeitamente, quando se trata de comunicação. E ao olhar pelo prisma do design como instrumento, se faz necessária a informação de que existem algumas regras de aplicação de texto e imagem, para que de maneira prévia o olhar do leitor percorra à peça sem nenhum tipo de desconforto causado por contraste, posição, ou peso gráfico. Lembrando que este desconforto é causado quase sempre de maneira psicológica. Isto é: “não sei explicar, mas ao olhar esta imagem não consigo ter uma leitura fluída, ou mesmo compreender de primeira o que está sendo dito…” Tornando a comunicação extremamente frágil e até mesmo fragmentada, podendo resultar diretamente nas vendas.
A conclusão não poderia ser diferente, caro leitor. Sem a presença de um bom profissional de design, sua empresa pode apresentar sérios problemas de comunicação. Lidar com pessoas, opiniões, culturas e gostos, exige certo conhecimento à cerca dos estímulos, do que de fato as move e as atrai. Sem o mesmo, dificilmente concebe-se uma marca sólida.